A maneira como cada empresa, escola, repartição pública e organização social está reagindo à Covid-19 é extremamente reveladora de seu verdadeiro propósito. É em tempos de tempestade como estes que descobrimos as verdadeiras lideranças. Líder não é necessariamente o chefe ou o capitão do navio. Pode ser aquerle simples marinheiro que, no meio da pior tormenta, inspira os companheiros a manter o barco flutuando.

Para limitar os impactos econômicos e sociais da Covid-19, temos de nos esforçar para entender, reagir e aprender frente a eventos que se desenrolam rapidamente. Cada organização deve atuar como um cidadão corporativo, apoiando outras pessoas e instituições. Imagine como sua instituição pode contribuir, seja na área da saúde, comunicação, alimentação ou outras. Concentre-se na interseção entre necessidades sociais agudas e suas capacidades específicas – em outras palavras, viva seu propósito.

A seguir, apresento uma coletânea de dicas de artigos publicados sobre o assunto no Brasil e no exterior, temperados com doses adicionais de bom senso:

1) Atualize suas informações diariamente
A velocidade de propagação da doença e das notícias é espantosa, e o cenário muda diariamente. Inicialmente, empresas e órgãos públicos estavam comunicando atualizações a cada 72 horas, mas migraram para um ciclo diário para incorporar novos dados e reformular a perspectiva geral.

2) Atenção aos ciclos das notícias na mídia tradicional
A mídia profissional se concentra no que é novo e não no quadro geral. Dependendo do veículo, muitas vezes não há distinção clara entre fatos concretos e especulações. Quando somos expostos a informações que mudam rapidamente, nossa tendência é ignorar sinais fracos e a reagir exageradamente a problemas emergentes. Avalie criticamente a fonte das informações antes de agir de acordo com elas. Mas não jogue o bebê fora junto com a água do banho: o fato de ALGUNS veículos não serem muito confiáveis não elimina o fato de que é através da mídia tradicional, que recebemos as informações mais qualificadas.

3) Cuidado: mídia social não é fonte de informação, só canal de distribuição
Neste mundo hiperconectado, todos os nossos colegas de trabalho e familiares têm acesso direto a muitas plataformas de informação sobrepostas. Quase ninguém, entretanto, se dá ao trabalho de descobrir de onde originalmente veio aquele post, ou de fazer uma rápida pesquisa no Google antes de compartilhar e espalhar ainda mais uma informação. Não perca tempo debatendo com seus conhecidos sobre informações apócrifas. Se quiser colaborar, faça o trabalho de detetive e devolva fatos comprováveis para suas redes.

4) Pese bem as opiniões de especialistas
Técnicos em epidemiologia saúde pública e outras disciplinas são indispensáveis ​​na interpretação de informações complexas. Mas opiniões de especialistas diferem em questões críticas, e é bom consultar várias fontes. Precisamos empregar uma abordagem iterativa e empírica para entender o que está acontecendo e o que funciona – embora guiados pela opinião de especialistas.

5) Reformule seus planos constantemente
Um plano para lidar com uma crise, uma vez colocado no papel, pode se tornar uma fonte de inércia. Um provérbio chinês afirma que os grandes generais devem emitir comandos de manhã e trocá-los à noite. Organizações raramente são tão flexíveis. Um documento vivo, com uma “melhor visão atual”, carimbo de data e hora, é essencial para aprendermos coletivamente a nos adaptarmos em situações de mudança rápida.

6) Sua resposta para a crise deve ser múltipla
6.1 Comunicações: seus colegas de organização estão expostos a informações conflitantes, ansiosos e confusos sobre o melhor curso de ação. Certifique-se de comunicar as políticas de maneira rápida, clara e equilibrada. Comunique ainda informações contextuais e o raciocínio por trás das políticas, para que todos possam aprofundar seu próprio entendimento e tomar iniciativas em situações imprevistas.
6.2 Viagem: verifique se as políticas de viagem são claras em termos de para onde os funcionários podem viajar, por quais razões, quais autorizações são necessárias e quando a política será revisada.
6.3 Trabalho remoto: seja claro sobre suas políticas – onde elas se aplicam, como irão funcionar e quando serão revisadas. O trabalho doméstico é raro em algumas regiões e a necessidade de explicações adicionais deve ser antecipada.
6.4 Estabilização da cadeia de suprimentos: tente estabilizar as cadeias de suprimentos usando estoques de segurança, fontes alternativas e trabalhando com fornecedores para solucionar gargalos. Onde soluções rápidas não forem possíveis, co-desenvolva planos, implemente soluções provisórias e comunique a todas as partes interessadas.
6.5 Acompanhamento e previsão de negócios: é provável que a esta crise crie flutuações imprevisíveis. Crie ciclos de relatórios rápidos para que você possa entender como seus negócios estão sendo afetados, onde a mitigação é necessária e a rapidez com que as operações estão se recuperando. Uma crise não implica imunidade ao gerenciamento de desempenho e, mais cedo ou mais tarde, os mercados julgarão quais empresas gerenciaram o desafio com mais eficiência.

7) Prudência
Não podemos prever o curso dos eventos ou seus impactos para o Covid-19, mas podemos prever cenários negativos plausíveis e testar a resiliência nessas circunstâncias. Podemos criar cenários para uma epidemia global generalizada, uma epidemia multirregional e uma epidemia rapidamente contida, por exemplo. Agora que o foco mudou da contenção da epidemia de Covid-19 na China para impedir seu estabelecimento em novos epicentros pelo mundo, chegamos a outro ponto de inflexão, com incerteza muito alta. Seria prudente que as empresas analisassem novamente os piores cenários e desenvolvessem estratégias de contingência para cada um deles.

8) Pense no todo, não apenas em sua organização
Estamos todos interligados em sistemas industriais, econômicos e sociais mais amplos, que também estão sob estresse. Aqueles que deixarem de olhar holisticamente para suas cadeias de suprimentos ou ecossistemas sofrerão maiores impactos. Soluções que atendem apenas a uma organização, negligenciando os interesses de outras pessoas e instituições, criarão desconfiança e prejudicarão os negócios a longo prazo. Por outro lado, o suporte a clientes, parceiros, assistência médica e sistemas sociais em tempos de adversidade podem criar boa vontade e confiança duradouras. Um elemento-chave para lidar com o estresse econômico é viver os valores precisamente quando é mais provável que os esqueçamos.

9) Esse crise vai passar. E depois virá outra
Covid-19 não é um desafio único. A preparação para a próxima crise (ou a próxima fase da atual crise) agora provavelmente será muito mais eficaz do que uma resposta reativa quando a próxima crise realmente ocorrer.

11) Reflita sobre o que você aprendeu
Em vez de retornar às rotinas normais quando a crise desaparecer, aproveite esta valiosa oportunidade de aprendizado. Mesmo enquanto a crise se desenrola, respostas e impactos devem ser documentados para serem analisados ​​posteriormente. Situações em rápida evolução expõem as fraquezas organizacionais existentes, como a incapacidade de tomar decisões difíceis.

12) Prepare-se para um mundo transformado
A crise do Covid-19 vai mudar os negócios e a sociedade. Deve estimular as compras on-line, educação a distância e investimentos em saúde pública, entre outras áreas. Deve ainda mudar a forma como as organizações configuram suas cadeias de suprimentos, diminuindo a dependência de poucas mega-fábricas e investindo mais em produção local. Quando a tempestade passar, as empresas devem considerar o que essa crise mudou e o que aprenderam para que possam refleti-las em seus planos.